Harvard e a História de Joaquim Antônio Alves Ribeiro
Harvard é uma das universidades mais conhecidas do mundo, famosa por suas produções em filmes e séries, além de suas contribuições científicas. A universidade foi fundada em 1636 e possui quase 400 anos de história, uma trajetória marcada por pessoas notáveis em muitos campos do conhecimento. No entanto, no século XIX, a maioria dos alunos era nativa americana, e a presença de um latino-americano, vindo do Brasil, era rara.
É aqui que entra a história de Joaquim Antônio Alves Ribeiro, um cara que realmente se destacou. Desde o começo, ele quebrou estereótipos sobre sua origem e buscou diminuir o atraso científico que sua região, o Ceará, enfrentava em relação ao mundo. Quando decidiu ir para os Estados Unidos, seu grande objetivo era trazer conhecimentos científicos de volta para sua terra natal.
Joaquim nasceu em Icó, no coração do sertão nordestino, no dia 9 de janeiro de 1830. Ele veio de uma família tradicional, sendo o segundo de 17 filhos. O pai dele tinha terras e criava gado para vender couro, o que pode ter ajudado Joaquim a ser admitido em Harvard, graças a um contato que seu pai fez com um comerciante.
Até hoje, não se sabe exatamente como Joaquim conseguiu estudar medicina em Harvard, mas o fato é que ele se formou em 1853, junto com outros médicos importantes, como Zabdiel Boylston Adams, que destacou-se na Guerra Civil Americana. Em Harvard, Joaquim teve a chance de estudar com John Collins Warren, que foi pioneiro na primeira cirurgia com anestesia geral em 1846.
Após se formar, Joaquim teve a opção de ficar nos Estados Unidos e aproveitar as boas oportunidades de emprego que surgiram. No entanto, ele estava determinado a servir ao Brasil e precisou revalidar seu diploma na Faculdade de Medicina da Bahia, pois na época somente existiam duas faculdades de medicina no Brasil: na Bahia e no Rio de Janeiro.
Depois de passar pela Bahia, Joaquim foi para o Rio Grande do Norte, onde enfrentou uma epidemia. Ele falava inglês e francês, o que facilitou seu atendimento a brasileiros e estrangeiros. Porém, devido às dificuldades no trabalho e ao atraso nos pagamentos, ele decidiu partir.
Então, Joaquim resolveu abrir uma clínica em Recife, onde trabalhou como médico por três anos. Em 1858, ele retornou ao Ceará. No ano seguinte, participou de uma equipe médica que cuidou do prefeito de Fortaleza, conhecido como boticário Ferreira, nos seus últimos dias, após ele sofrer um aneurisma.
Joaquim tornou-se o primeiro médico da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, que foi criada entre 1860 e 1861 e ainda opera hoje. Ele era conhecido como “médico dos pobres”, já que recebia pagamento do governo do Ceará para atender pessoas que não tinham condições de pagar por cuidados médicos.
Além de ser atencioso, Joaquim queria aplicar todo o conhecimento que adquiriu em Harvard. Ele criou um periódico médico chamado “A Lanceta”, um dos primeiros da época, onde publicou artigos científicos e orientações médicas, além de promover seus próprios livros.
Ele também se destacou ao escrever um manual intitulado “O Manual da Parteira”, que virou um best-seller da época e ajudou muitas mulheres no Brasil a realizarem partos de forma mais segura. Joaquim se preocupou, ainda, com a saúde da comunidade ao investigar a qualidade da água do Açude Pajeú, que, segundo ele, era uma das principais causas da transmissão de doenças na cidade.
Outro feito importante de Joaquim foi a fundação do primeiro Museu de História Natural do Ceará. Ele se inspirou em um museu semelhante que havia visto em Harvard e vendeu sua coleção de artefatos, que incluía fósseis, animais empalhados e pedras, para o Estado.
Na vida pessoal, Joaquim casou-se com sua prima, filha de um comerciante britânico, e tiveram três filhos, uma das filhas se casou com o renomado romancista Domingos Olímpio. Entre 1860 e 1870, o Brasil enfrentou surtos de doenças como cólera e varíola, e Joaquim atuou em um lazareto, ajudando muitas pessoas nesse período crítico.
O motivo da morte de Dr. Ribeiro continua desconhecido. Ele esteve doente na década de 1870, procurou tratamento fora do país, mas sem conseguir sucesso, acabou voltando para Fortaleza, onde faleceu em 2 de maio de 1875.
Embora Joaquim não seja muito lembrado por seus sucessores, ele foi uma figura crucial para o desenvolvimento da medicina no Brasil e um pioneiro nos estudos no exterior. Todo aprendizado que trouxe de Harvard foi aplicado de forma prática em benefício da sua comunidade. Ele tinha um grande objetivo: proporcionar acesso aos cuidados médicos para todos, e por isso sua história se tornou eterna.