Quando alguém termina a graduação e quer seguir estudando, normalmente faz uma pós-graduação. E se a pessoa deseja continuar na pesquisa após o mestrado e doutorado, entra na fase do pós-doutorado, conhecido como “pós-doc”. Mas o que isso significa exatamente? Vamos lá!
O pós-doutorado é um trabalho de pesquisa que um doutor realiza depois de conquistar seu título. Essa etapa acadêmica é bem especial, pois permite que o pesquisador trabalhe de forma mais independente. A ideia é que, ao chegar nessa fase, a pessoa já tenha maturidade e experiência para conduzir sua pesquisa.
É importante lembrar que o pós-doutorado não é um título. Não se ganha um diploma de “pós-doutor” ao final. Também não se trata de um curso tradicional com aulas; em alguns casos, pode ser que a pessoa tenha que dar aulas, mas isso não é regra.
Além disso, a duração do pós-doc varia bastante, podendo ser de meses a anos. O foco principal é a pesquisa científica, sem a exigência de produzir uma tese como no doutorado. Na verdade, o objetivo é publicar o máximo possível de trabalhos para ganhar visibilidade e ter mais chances no mercado profissional.
Durante o pós-doutorado, o pesquisador realiza investigações na sua área de atuação e na da instituição onde trabalha. É um período para explorar novas ideias, desde que estejam relacionadas ao seu foco de pesquisa anterior. Por exemplo, muitas pessoas continuam a trabalhar com questões que ficaram pendentes durante o doutorado.
A questão do orientador
Diferentemente do mestrado e doutorado, no pós-doc não existe um orientador. O pesquisador responde a um “supervisor”, que é um profissional mais experiente na mesma instituição. Essa figura tem um papel de supervisão, mas não orienta diretamente como um orientador faria.
Essa diferença é significativa, pois, no pós-doutorado, o profissional tem maior liberdade para decidir os rumos de sua pesquisa, estabelecendo parcerias e explorando novas áreas de interesse. Embora o supervisor esteja ali para supervisionar, a autonomia é maior.
É interessante saber que, na teoria, é possível fazer pós-doutorado mesmo sem ter concluído o doutorado. No entanto, na prática, a maioria dos editais exige que a pessoa tenha um doutorado ou experiência acadêmica equivalente. É raro encontrar alguém que migre para o pós-doc sem antes passar pelo doutorado.
Pós-doutorado e o mercado de trabalho
Um ponto que merece destaque é que o pós-doutorado geralmente é procurado por quem obteve o título há pouco tempo. O prazo pode variar, mas é comum que se considere um limite de até 10 anos. Muitas bolsas, como as da FAPESP, por exemplo, estão disponíveis para doutores que obtiveram o título há até 7 anos.
O raciocínio por trás disso é que quem concluiu o doutorado há mais tempo pode buscar cargos mais fixos e com mais responsabilidade na academia. Isso não significa que os recém-doutores não possam almejar essas posições, mas a probabilidade é um pouco menor.
Não há uma regra específica sobre esse aspecto, mas é justo pensar que um cargo de professor sênior dificilmente será ocupado por alguém que concluiu o doutorado há pouco tempo. Assim, o pós-doutorado acaba sendo visto como um “limbo”, uma fase de transição entre o doutorado e um trabalho mais fixo.
No Brasil, as contratações para cargos permanentes costumam ocorrer através de concursos, o que não é tão comum em países como os Estados Unidos, onde as empresas tendem a contratar pós-doutores diretamente. Por lá, muitos que estão fazendo pós-doc acabam sendo contratados por empresas de biotecnologia, farmacêuticas, entre outras.
Luiza, que está realizando um pós-doc, aponta que no Brasil o sistema acadêmico se preocupa mais em manter a estrutura acadêmica, enquanto nos EUA as oportunidades de trabalho estão mais alinhadas com o mercado.
O papel do pós-doc na inovação científica
O pós-doutorado é uma chance de ganhar experiência e aumentar a visibilidade no campo da pesquisa. Para as instituições, representa uma oportunidade de descobrir novos talentos e abordagens. Além disso, Luiza ressalta que essa fase é essencial para a inovação na ciência.
Esse período é uma fera para explorar novas ideias e experimentar metodologias diferentes. E, segundo Luiza, ter mais oportunidades de pós-doc no Brasil poderia trazer inovação científica e novas parcerias nas universidades. Com isso, o cenário acadêmico poderia se tornar ainda mais rico.
Resumindo, o pós-doutorado é uma etapa importante para qualquer pesquisador que deseja se aprofundar em sua área de atuação. Apesar de não ser um curso formal, proporciona experiências valiosas que podem influenciar sua carreira. A liberdade criativa e a possibilidade de trabalhar com novas questões são aspectos que tornam essa fase tão interessante e relevante.