Entendendo a Pós-Graduação: Lato Sensu e Stricto Sensu
Quando você está pensando em fazer uma pós-graduação, é normal se deparar com os termos “lato sensu” e “stricto sensu”. Essas expressões, que vêm do latim, representam diferentes tipos de programas de pós-graduação. Vamos entender melhor o que cada um significa e como isso pode impactar sua escolha de estudos no exterior.
O Que é Lato Sensu e Stricto Sensu?
As expressões “lato sensu” e “stricto sensu” traduzem-se, respectivamente, como “sentido amplo” e “sentido estrito”. Em resumo, essa diferença diz respeito ao foco e à profundidade dos estudos.
O “stricto sensu” refere-se a uma interpretação mais rigorosa do que é uma pós-graduação. Isso abrange principalmente mestrados e doutorados que enfatizam pesquisa e produção acadêmica. Ao concluir esses cursos, os estudantes recebem os títulos de “mestre” ou “doutor” e devem elaborar uma tese ou monografia no final.
Por outro lado, o “lato sensu” é mais flexível. Esses programas servem para expandir o conhecimento adquirido na graduação, mas não têm uma ligação tão forte com a academia. Por essa razão, eles podem ser encontrados em diversas áreas e costumam se alinhar mais com as demandas do mercado de trabalho.
Como Funciona a Legislação Brasileira?
No Brasil, as definições de lato sensu e stricto sensu estão presentes na lei de diretrizes e bases da educação nacional, estabelecida pela lei número 9.394/1996. Essa lei menciona que os programas de pós-graduação incluem cursos de mestrado, doutorado, especialização e aperfeiçoamento.
De acordo com o Ministério da Educação, os programas stricto sensu são os mestrados e doutorados, enquanto os programas lato sensu se referem a cursos de especialização, incluindo os MBAs. Importante: ambos requerem que os alunos já tenham concluído a graduação.
Os programas lato sensu precisam ter, no mínimo, 360 horas de carga horária. Já para os stricto sensu, não há uma carga mínima definida. Outro ponto de diferença é que os cursos lato sensu oferecem certificados, e não diplomas.
Diferenças em Outros Países
Embora o Brasil tenha essas definições claras, outros países podem ter suas próprias classificações. De forma geral, também existe uma separação entre programas que priorizam a pesquisa e aqueles que se concentram em habilidades mais práticas.
Estado Unidos
Nos EUA, os programas de mestrado costumam ser identificados por siglas como M.A. (Master of Arts), M.Sc. (Master of Sciences) e M.Res. (Master of Research). O M.A. tende a ser mais próximo dos nossos cursos lato sensu, focando em desenvolver habilidades práticas e profissionais.
Os M.Sc. e M.Res., por outro lado, têm mais semelhanças com programas stricto sensu, que enfatizam pesquisa. Uma característica interessante é que, nos EUA, não é obrigatório fazer um mestrado antes de se candidatar a um Ph.D., que equivale ao nosso doutorado. Isso permite que muitos alunos ingressem diretamente no doutorado logo após a graduação.
Europa
Na Europa, a distinção entre programas de mestrado é entre os chamados Taught Masters Degrees e Research Masters Degrees. Os Taught Masters são mais parecidos com os nossos cursos lato sensu, enquanto os Research Masters têm mais semelhanças com os stricto sensu.
Ambos os tipos normalmente oferecem títulos como M.A. e M.Sc. Nas universidades europeias, é geralmente necessário ter um mestrado antes de se candidatar a um doutorado ou Ph.D. Contudo, algumas instituições oferecem um modelo de “fast-track” que possibilita que o aluno complete o mestrado em um ano e siga direto para o doutorado.
Escolhendo a Melhor Opção para Estudar no Exterior
Se sua intenção é fazer um mestrado fora do Brasil, surge a dúvida: qual tipo de pós-graduação é mais indicado? Para quem quer se dedicar à pesquisa, os programas stricto sensu costumam ser mais adequados. Além disso, qualquer mestrado reconhecido no Brasil é, na maioria das vezes, aceito como um Master no exterior.
Por exemplo, se o seu plano é fazer um doutorado na Alemanha, fazer um mestrado stricto sensu no Brasil pode ser a melhor escolha. Isso se deve ao fato de que as chances de aceitação são maiores para aqueles que têm esse tipo de formação.
E o MBA?
No Brasil, o MBA é classificado como uma pós-graduação lato sensu. No exterior, ele não é considerado um mestrado científico. Quem termina um MBA recebe o título de Master in Business Administration, que tem foco na administração de empresas e gestão.
Na Europa, os MBAs tendem a se alinhar mais com os Taught Masters. Para quem busca uma carreira na área executiva, essa distinção pode não ter grande importância. Entretanto, se o estudante deseja seguir um doutorado, é bom saber que existem mestrados nas áreas de gestão que têm um conteúdo mais científico.
Por exemplo, um M.Sc. em áreas de gestão ou engenharia pode oferecer uma formação robusta, aliando teoria científica e aplicação prática. Esses cursos geralmente são mais acessíveis e exigem menos experiência profissional que um MBA, o que pode ser uma alternativa interessante para quem deseja fazer pós-graduação no exterior.
Considerações Finais
A escolha entre uma pós-graduação lato sensu ou stricto sensu depende das suas metas profissionais e acadêmicas. Para quem busca seguir uma carreira acadêmica, um mestrado stricto sensu pode ser o mais indicado. Se o foco for no mercado de trabalho, um MBA ou um mestrado lato sensu pode ser mais atraente.
O importante é avaliar o que você deseja alcançar com seus estudos e como cada tipo de pós-graduação pode te ajudar a chegar lá. Lembre-se de que a escolha certa pode abrir portas tanto no Brasil quanto no exterior.